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Aquele final de tarde cheirava a Lisboa, ouviam-se passos e as folhas secas bramiam nas árvores. Todos os finais de tarde têm o encanto peculiar de uma despedida e todos os finais de tarde têm a alegria titubeante de uma chegada. Aquele sítio que julgou conhecer de outros tempos, apresentou-se desigual. Um gesto sem palavras e o rosto dela espelhou a tonalidade do rubro céu. Ele contemplou-a, de baixo para cima, como quem se ajoelha e pede perdão por ter testemunhado o divino, por respeito, levantou timidamente a boina aos quadrados, xadrez cinema antigo, faltou-lhe a rainha, até hoje, quando o silêncio foi subitamente engolido por dois olhares eloquentes. Tudo ali era diferente e ali nada ficou por dizer.
DV